Palavras ao Vento

Monday, December 04, 2006

Texto de Português, objetivo: descrição de uma emoção forte

A Grande Dor da Perda
Vou-lhes contar agora uma história real, um relato da emoção mais forte que já senti. Tudo ocorreu em maio de 2005.
Era um sábado ensolarado na cidade de Porto Alegre. Eu havia trabalhado naquela manhã, e cheguei em casa muito satisfeita, pois o dia estava bem agradável. Assim, estava eu almoçando e pensando "amanhã vou ao Parque da Redenção, porque vai estar um dia lindo, vou convidar o Vini, já que ele adora ir lá tomar um chimarrão". O Vini era um grande amigo meu, nós não nos víamos há algum tempo, pois ele andava muito ocupado trabalhando e estudando, e eu estava com saudade dele.
De repente, toca o telefone, eu volto para a realidade. Minha mãe atende e me chama: "É pra ti, é a Débora". Estranhei que ela estava me ligando, pois não nos falávamos fazia tempo, mas fiquei feliz: "Oi Débora!", "Oi Naná..." ela disse já com voz de choro. "Ué, o que que houve? Por que essa voz?", "É que... tu sabe o Vini...ele morreu essa madrugada", "Como assim? Não pode ser! Que Vini, O Vechi?" "Sim, o que mora aqui no nosso bairro, ele foi assassinado". Naquele momento eu fiquei perplexa, comecei a chorar muito e já não tinha forças para ficar de pé, o desespero e a dor da perda dentro de mim eram tão grandes que larguei o telefone, me deixei cair e fiquei no chão, chorando, deitada, a minha mãe veio me perguntar o que estava acontecendo. Eu só disse "Meu amigo morreu assassinado, ele tinha 20 anos!". Minha mãe começou a chorar junto comigo, muito triste também, me vendo naquele estado, acabada, sem forças para levantar, eu só pensava que nunca mais poderia vê-lo ou abraçá-lo. E a saudade que antes eu sentia, agora era algo muito maior, eu não podia fazer mais nada, queria que tudo aquilo fosse um sonho. Estava passando pela dor da perda, perda de um amigo querido, de uma pessoa maravilhosa, que se dava bem com todos, e por isso, tinha muitos amigos. O resto do dia foi muito doloroso, ninguém - os parentes, os amigos – queria enfrentar aquela situação, um forte abraço ajudava e dizia mais que mil palavras, e o sentimento de indignação era comum a todos.
Ao falar pessoalmente com a Débora, fiquei sabendo que tinha sido uma tentativa de assalto, e que o nosso grande amigo tinha sido esfaqueado, nós três éramos vizinhos e tudo aconteceu bem perto de nossas casas.
No outro dia, quando acordei, depois da noite cansativa do velório, a primeira coisa que eu pensei foi numa música que diz "É tão estranho, os bons morrem jovens". Fui para a cerimônia da cremação e foi justamente essa música que foi tocada para nos despedirmos dele. E naquele domingo, não teve Redenção e não teve sol – choveu muito, até parecia que o céu também estava de luto. Quando almocei, percebi que não comia desde o almoço de ontem, aquele do começo da narrativa, eu não me lembrei de comer em nenhum momento, pois eu só conseguia pensar no Vini.